29.7.06
Religiosidade: A ânsia de Satanás
Um dos grandes propósitos da Igreja é adorar a Deus. Tendo ciência disso Satanás vem tentando distorcer a adoração da Igreja ao longo dos séculos. Se não consegue a nossa adoração direta, ele faz o possível para desviá-la do alvo, que é o Senhor. E assim como tem feito no decorrer da História o diabo continua ativo na igreja, sempre tentando corromper a adoração.
Um tipo de tentação é bastante comum no meio cristão: ele leva os pastores e líderes a se manterem fiéis às tradições dos antigos, mesmo que no presente Deus esteja trazendo à luz novas verdades, ou mesmo que estas tradições estejam contrariando algumas verdades bíblicas. Algumas declarações não são esporádicas:
Minha igreja tem duzentos anos de idade e sempre fazemos o culto desta maneira. Se mudarmos algo, vamos deixar de valorizar nossa tradição.
Nossa igreja é muito apegada aos seus costumes e doutrinas. Possivelmente qualquer tipo de renovação, seja na programação, na ordem do culto, na música, ou na adoração, não será bem aceita. É melhor deixar as coisas como estão!
Afinal de contas, se mudarmos algo, o que as pessoas irão pensar?
Que triste ver as pessoas seguirem cegamente práticas e costumes antigos, esquecendo-se das ordenanças claras de Jesus. Infelizmente, numerosos crentes vivem debaixo da escravidão da religiosidade e ritualismo. E não estou falando de coisas antigas apenas. Qualquer prática, seja ela antiga ou não, que nos faz desviar a atenção de Deus, deve ser banida de nossos cultos. Numa certa ocasião os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus:
Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem com as mãos por lavar? (Mc 7.5)
Ao que Jesus lhes respondeu:
Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com lábios, mas o seu coração está longe de mim. (Mc 7.6)
Os fariseus e escribas pecavam por colocar a tradição humana acima da revelação divina, como vemos nos versos acima. Observamos que Jesus não está condenando toda e qualquer tradição, mas as que entram em conflito com a Palavra de Deus. Tradição ou regra deve ter base nas verdades correlatas das Escrituras (observe em 2Ts 2.15). As igrejas têm de resistir à tendência de exaltar tradições religiosas, sabedoria humana ou costumes modernos que se sobreponham à Bíblia. As Escrituras Sagradas são a única regra de fé e conduta. Jamais ela deve ser anulada por idéias humanas.
Tenho aconselhado líderes de adoração e música com freqüência, e tenho percebido uma coisa em comum entre eles: a dúvida sobre como traçar um plano com a ordem das músicas no culto. Numerosos dirigentes de louvor têm se questionado: Devo iniciar o culto com músicas alegres ou com músicas mais calmas? Qual é o tema que deve ser abordado nas primeiras músicas?
Muitos deles estão ansiosa e desesperadamente à procura de um esquema de sucesso pré-estabelecido. Nestes casos sempre explico que não existe uma fórmula mágica, ou um programa elaborado que cumprirá seu papel em todas as ocasiões. Cada dia é diferente do outro, e para isso o dirigente deverá ter sensibilidade e experiência para discernir o espírito da reunião, sem precisar observar cegamente um roteiro previamente preparado. Um roteiro é bom e poderá ajudar, mas não deve se tornar uma lei ou regra a ser seguida todas as vezes. Evidentemente, isso não tem fundamento nas Escrituras.
Há congregações que, em seus cultos, são obrigadas a observar um programa previamente elaborado, e muitas vezes, erra-se ao não se conceder lugar ao mover do Espírito Santo. Creio que não é antiespiritual e muito menos diabólico observarmos um programa de culto. Isso é muito bom e traz organização à reunião. O que não podemos fazer é trocar o mover de Deus por uma programação estabelecida. O problema é quando colocamos os nossos roteiros e programações acima de Deus, desviando as atenções do povo para aquilo que é do homem. Quantas vezes “quebramos” ou “cortamos” o mover do Espírito Santo porque achamos que estamos perdendo o controle do culto? Quantos pastores se impacientam ao ver que o culto se estendeu alguns míseros minutos além da “cota” permitida? A verdade é que por muito tempo, nós humanos, permitimos o mover do Espírito até determinado ponto. Mas quando perdemos o controle, logo “puxamos as rédeas”. Conforme 1Ts 5.19 isso é o mesmo que apagar o Espírito. As lideranças das igrejas precisam refletir urgentemente sobre estes pontos levantados.
Na congregação onde nasci e cresci um simples brado de “aleluia” levantaria olhares ameaçadores e de reprovação. Isto ocorria porque a liderança achava que o culto poderia se tornar espiritual demais. Assim as manifestações do Espírito Santo poderiam tomar lugar no culto e os dirigentes não saberiam o que fazer, perdendo o controle. Além do mais, pensava-se que a palavra aleluia desrespeitava a Deus, ao invés de glorificá-lo. Em que parte das Escrituras esta idéia está fundamentada? Quanta cegueira! Que Deus tenha misericórdia de nossas falhas e ignorâncias! Em meu livro “Louvor e Adoração[1][1]” falei um pouco sobre esta infeliz situação, relatando o seguinte testemunho:
Nasci numa igreja que respeitava muito a sua história e tradição. Mas é uma pena que, em algumas circunstâncias, se respeitava mais a tradição do que as Escrituras. Assim, toda expressividade no louvor era repreendida de maneira severa. Infelizmente, pensava-se que silêncio era sinônimo de reverência. Um ingênuo “aleluia" parecia desagradar profundamente a Deus.
Todas as vezes que colocamos nossa confiança em práticas e rituais que criamos e que sustentamos, sem base bíblica, estamos deturpando nossa adoração. A cada situação Deus nos mostra que não há uma fórmula padrão para se chegar à sua presença, mas a sua vontade deve prevalecer em cada uma delas. Cada qual tem uma maneira de adorar a Deus, mas esta maneira não invalidará a adoração, se esta for verdadeira e sincera. Nem todos adorarão a Deus do mesmo modo que eu adoro a Deus. Mas é claro, não demos lugar às seguintes desculpas:
Tudo é questão do ambiente cultural da pessoa. Você e eu somos culturalmente reservados (a implicação é que “reservado” significa socialmente superior ou culturalmente avançado).
Alguns precisam de exuberância. Outros dentre nós não precisam (a implicação é que as pessoas maduras não precisam).
A propósito, é por esta razão que há tantos tipos de igrejas. Uns gostam de louvar a Deus com mais barulho, outros com menos. Há pessoas que gostam de mensagens curtas e objetivas, outras gostam de sermões mais longos e profundos. Uns gostam de orar ajoelhados, outros gostam de orar de pé. Uns gostam dos hinos antigos, outros gostam dos cânticos mais novos, e assim por diante. Cada qual tem sua maneira de se expressar a Deus e nenhuma delas está errada, desde que seja feita em espírito e em verdade. Quando baseamos nossa adoração em nossos gostos pessoais estamos corrompendo a adoração. Quando achamos que as nossas maneiras de orar, louvar e adorar são as corretas estamos perdendo a essência da adoração.
Você está adorando a Deus em espírito e em verdade? Está adorando em santidade e com sinceridade? Se a resposta for sim, então sua adoração está sendo aceita por Deus, independente do modo como você esteja se expressando. A maneira que usamos para adorar a Deus, não invalida a nossa adoração!
Ramon Tessmann - Direitos reservados
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